segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Livros: "Entrevista com o Vampiro" - Anne Rice

Entrevista com o Vampiro
Um Trauma Necessário

   Faz dias que não paro de pensar no que li no livro “Entrevista com o vampiro”, de Anne Rice, com 334 páginas editadas pela Rocco. Vício? Não, trauma mesmo. Um livro que, com certeza, nos deixa traumatizados, mas nos trás uma lição de vida inesquecível.
O livro de Rice nos trás uma história que se passa num quarto de um hotel qualquer, com um jovem repórter contratado por um vampiro para entrevistar o mesmo. A primeira coisa que pensamos ao início do livro é; “o que se passa na cabeça de um vampiro para querer ser entrevistado?”. Isso só se descobre no final. Mas, apesar dos personagens não saírem uma única vez do quarto durante o livro, Louis, o Vampiro, conta sua história de vida e faz do enredo da obra um grande Flash Back. Ele já tem duzentos anos e, por tanto, tem muita história para contar. O que pude perceber ao decorrer do romance, é que Louis é uma pessoa muito boa – com um grande coração e muita compaixão – porém muito fraca. Por mais que queira, o protagonista não consegue deixar de matar as pessoas, atividade natural dos vampiros. É claro que conseguiria se tentasse, pois foi assim que ele viveu os primeiros anos de sua vida pós-morte: não matando ninguém e se alimentando de ratos e gatos. Mas, vampiros sempre tem um motivo que os deixam tristes, e o fazem querer realizar o ato de matar, o que é uma espécie de calmante para eles. No caso de louis, o que o deixou triste a princípio foi porque, por mais que fosse do bem na época em que não matava gente, a pessoa que ele mais amava passou a lhe chamar de demônio, diabo, ou coisas do tipo. Daí começou a angústia do personagem. E então ele começou a matar para se sentir bem. Louis entrou em um ciclo: matava por que se sentia triste e se sentia triste por que matava. E não conseguiu parar de matar nunca mais. E foi infeliz pelo resto de sua vida. Nesta infeliz vida, o Vampiro narra para o jornalista todos os acontecimentos mais marcantes que já aconteceram, como o surgimento de uma criança vampira, a maldade e o charme do vampiro Lestat, o conhecimento do Vampiro Armand, o Teatro dos Vampiros, e por aí vai.
 Essa é uma história que nos faz dar valor a tudo o que temos e nunca questionar a lei natural da vida. Pois nos mostra como esta daria errado se não fosse do jeito que é para ser. Quantas vezes já nos pegamos fazendo comentarios do tipo: “ah, como a vida seria mais fácil se não tivéssemos que trabalhar”, ou “Como seria melhor uma vida maior, ficamos muito pouco tempo na Terra!”, ou ainda "Queria poder ficar acordado a noite inteira, curtindo a vida...". Esse livro nos mostra como essas ideias, por mais que aparentem ser boas e facilitadoras da vida, podem resultar em uma vida extremamente infeliz. Nunca mais reclamarei do jeito que minha vida é depois de ler esta obra.
Adianto que todos os vampiros do livro eram infelizes. Todos, sem exceção. Por mais que se refugiassem no sangue, sempre havia um momento em que eles demonstravam suas infelicidades. Pois não há como ser feliz naquelas vidas. Claro, fiquei traumatizada ao ler o livro, é muita tristeza, principalmente por parte do protagonista. Mas é um trauma necessário, para aprendermos a dar valor à vida do jeito que ela é. E ver o que aconteceu com Louis no final... Notem, ao ler a história, que ele nunca interrompe a narrativa porque está emocionado ou triste, por mais que conte sobre assuntos muito íntimos e emocionantes. Não chorou durante a entrevista, não ficou sentido. Não reparei neste fato quando estava lendo o livro, apenas no final.  Isso lhes dará uma dica sobre como termina a história de Louis (sim, ela termina).

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