segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Livros: "Para Sempre" - Alyson Noël

Para Nunca Mais

Não me recordo da última vez que li um livro tão mal escrito quanto o de Alyson Noël. Em suas 204 malfeitas páginas, “Para Sempre” nos trás uma história vulgar, uma tentativa fracassada de história de amor, editado pela Intrínseca.
Como personagem principal, temos Ever, uma estudante que, após um acidente de carro, adquire poderes sobrenaturais, o que o livro chama de “mediunidade”. Sem pesquisa nenhuma, a autora parece não saber que mediunidade não tem nada a ver com materializar objetos, descobrir a vida inteira de alguém através do toque de pele, ou mesmo enxergar a aura coloridinha que paira em volta do contorno de um corpo. Pois bem. O cenário muda quando Ever conhece Damen, um garoto misterioso que tem o poder de cessar seus “superpoderes” quando está perto dela. A protagonista sente-se apaixonada pelo rapaz (embora os habituais sintomas do amor – não parar de pensar na pessoa amada, querer estar sempre perto de seu amor, etc. – não estejam evidentes; mas a personagem jura de pés juntos que está amando). Damen, por sua vez, tem como principal função no livro perseguir Ever, sendo sempre uma péssima influência para ela. É possível encontrar neste livro apelações de Damen para Ever matar aula ou tirar a roupa. Depois ele jura com todas as suas forças que nunca tentou seduzi-la. Ever percebe, então, que o namorado tem escondido alguns fatos dela: nunca contando de onde veio, o que era o líquido vermelho que ele tomava como se fosse remédio, ou como conseguia vencer todas as apostas de jockey. Então decide perseguir o garoto até descobrir esses mistérios, e descobre alguma besteira sobre poção para imortalidade que Damen toma, como se a alquimia fosse capaz de criar uma bebida que nos fizesse materializar tulipas. O resto só lendo para entender.
Noël escreve usando linguagem informal, não para parecer que foi uma adolescente que escreveu (pois Ever, a narradora, não é o tipo de adolescente comum, que fala gírias e se diverte com a turma, na verdade é bem introvertida), mas por simplesmente não saber escrever. Além disso, a “escritora” (entre aspas mesmo) tem a irritante mania de escrever os verbos no presente, como se não soubesse que os verbos do tipo de texto “romance” têm que ser escritos no passado. Juntando tudo, temos algo como: “eu chego à minha carteira, sento, e vem um infeliz me infortunar. Pô, o cara tava pensando o que?”
Como se tudo isso não bastasse, a autora ainda faz questão de inventar dados que não existem. Segundo o livro, Ever pesquisa na Internet que tulipas vermelhas são sinônimo de “amor eterno” e rosas brancas são sinônimo de “coração que não conhece o amor”. Demorou alguns segundos para que eu pesquisasse aqui em casa o significado dessas flores e descobrir que tulipas vermelhas significam “prova de amor” e rosas brancas “pureza e amor a Deus”. Nada de eternidade, nada de não saber amar.
Porém, apesar de todos os defeitos mencionados, Alyson Noël tem um único ponto forte: consegue nos prender do início ao fim, criando suspense. Não conseguiria ter chegado ao final desse péssimo livro se não fosse essa sua capacidade. Mesmo odiando a história, fiquei curiosa, apenas para ler um final sem pé nem cabeça, uma “viajem” sobre mundos paralelos que surgem do nada e ex-namoradas ciumentas. Portanto, aqui vai a minha dica: não leiam esse livro.

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